FALE COM QUEM SABE
10/03/2021 às 09h08
Estimular o lugar de fala, de escuta, trazer experiências de vida com elementos que elevam e culminar com o diálogo. Esses são alguns dos objetivos do projeto Fale Com Quem Sabe, idealizado por Micaela Sá, professora de Literatura do CIC Damas. E na semana em que o mundo comemora o Dia Internacional da Mulher, o tema não poderia ter sido outro: As facetas do tornar-se mulher na ciência, na arte e na vida.
E para a roda conversa, mediada pela professora, foram convidadas a eterna aluna do CIC Damas e estudante de Direito da UFPB, Heloísa Luna, e Ana Paula Bispo, doutora em Física e professora da UEPB. Muito mais do que debater, esse momento teve o propósito de cooperar, de fazer pensar e ouvir pontos de vista sobre o que é ser mulher em diferentes áreas.
Considerando que a fala é um reflexo do que acontece dentro de nós – uma soma da nossa bagagem cultural com o estado emocional – a convidada Ana Paula Bispo trouxe vivências pessoais na carreira acadêmica e fatos históricos sobre a atuação das mulheres na área científica. “Na verdade, a história da ciência apagou essas mulheres ao longo do tempo, especificamente a partir do século XIX. Primeiro, apagam as filósofas na história da Grécia antiga, depois ignoraram certos conhecimentos que foram criados durante a Idade Média e o Renascimento como se fossem inferiores, a exemplo das alquimistas. As parteiras, que praticavam medicina, também foram excluídas das narrativas. As astrônomas do século XVIII e XIX foram desvalorizadas, até que se chega à figura da mulher no Darwinismo”, falou a Ana Paula, doutora em Física, traçando uma linha do tempo. “Mas hoje, percebe-se que as historiadoras estão querendo recuperar as histórias das mulheres na ciência”, concluiu.
Muito mais do que debater, essa roda de conversa teve o propósito de cooperar, de fazer pensar e ouvir pontos de vista sobre o que é ser mulher em diferentes áreas. A professora Micaela, que é Doutora em Literatura, trouxe as mulheres, escritoras e literaturas a partir do século XIX. “Para falar de mulher e literatura, é preciso considerar três pontos: o aspecto social, a partir do contexto que está sendo vivenciado, a mulher personagem – que é uma visão do homem-escritor sobre a mulher e está relacionado também ao cânone literário – e a mulher escritora invisibilizada”, disse a professora, enquanto propunha aos alunos a análise da figura feminina nos diferentes movimentos literários.
A eterna aluna do CIC Damas, Heloísa Luna, veio na sequência falando das suas vivências no “ambiente predominantemente masculino da academia”, como descreveu ela. A estudante, que está no quarto período do curso, trouxe a lei Maria da Penha, criada em 2005 para proteger as mulheres contra violência doméstica, e a lei do Feminicídio, de 2015. “Mudanças de paradigmas sociais são extremamente recentes e, por isso, é tão importante reafirmar que esse assunto deve ser discutido e, principalmente, por se tratar de uma evolução no que diz respeito aos direitos das mulheres”, reforçou Heloísa.
O Fale Com Quem Sabe, que foi destinado aos alunos do Ensino Médio, culminou com uma rodada de perguntas e comentários feitos pelos estudantes, promovendo um encontro de vozes, com respeito às diferenças e partilhas de pontos de vista.